Assistente social portuguesa, Sílvia Cardoso Ferreira da Silva nasceu a 26 de Julho de 1882, na Casa da Torre, em Paços de Ferreira, e faleceu a 2 de Novembro de 1950.
Estudou no Porto, no Colégio Inglês do Coração de Maria e, posteriormente, em Sardão, Vila Nova de Gaia, no Colégio das Doroteias
“Dona Sílvia”, como é conhecida, destacou-se em termos sociais no apoio aos mais desfavorecidos e desamparados, tendo também deixado alguns escritos de carácter espiritual. Faleceu em 1950, tem muitos devotos no concelho, e espalhados por vários pontos do país, onde deixou obra. Há muita gente que lhe atribui milagres e graças.
Três anos depois da sua morte foi erguida uma estátua em sua homenagem. O processo de beatificação foi iniciado em 1984 e ainda continua. No dia 3 de abril de 2016, os seus restos mortais foram transladados do cemitério paroquial da cidade para a Igreja de Paços de Ferreira, para uma capela tumular. A cerimónia começou pelas 15h00, no cemitério de Paços de Ferreira. O cortejo seguiu depois para o Pavilhão Municipal onde foi celebrada uma Eucaristia por D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto. O cortejo seguiu depois para a igreja paroquial.
Ajudou na instalação do Hospital de Paços de Ferreira
Desde muito cedo deu mostras da sua dedicação ao próximo. Dedicou a sua vida a obras de carácter social, ajudando carenciados, desde os doentes, os pobres e os marginais e presos, e deixou também vários escritos espirituais. Ficou conhecida como “Apóstola da Caridade”.
Proveniente de uma família abastada e muito católica, Sílvia Cardoso viveu alguns anos no Brasil, em criança, tendo regressado com sete anos. Esteve noiva de um primo, que morreu repentinamente, e desde essa altura dedicou a sua vida a Deus e ao serviço aos mais necessitados, emitindo o voto de castidade perpétua em 1917.
A benemérita deu um grande contributo para a instalação e abertura do hospital de Paços de Ferreira, em 1918. Mais tarde, em 1921, a expensas próprias, criou o Asilo-Creche de S. António inaugurado em 1921, um internato de meninas que servia ainda refeições aos mais desfavorecidos, e depois o Colégio de S. José, a ele anexo. Sustentou-o até ao fim da vida, deixando-o à proteção da sua família. Mantendo a sua função social, o edifício deu lugar, em 1952, ao Externato Sílvia Cardoso e, hoje, a Obra Social e Cultural Sílvia Cardoso mantém o trabalho iniciado pela benemérita, sobretudo junto das crianças carenciadas e também na reabilitação, ocupação dos tempos livres e reinserção social dos portadores de deficiência.
Dinamizou várias instituições de apoio a crianças, pobres e doentes
Sílvia Cardoso dinamizou várias instituições que deram prioridade às crianças pobres e aos doentes, sempre com ligação à Igreja. É o caso da Sopa dos Pobres (Penafiel), do Internato Margarida Alves de Magalhães (Penafiel), do Patronato da Divina Providência (Espinho), do Lar das Raparigas e Lar de Santa Rita (Porto), da Casa dos Rapazes (Barcelos), da Casa de Retiros de Sequeira (Lousada), da Casa da Granja (Paredes), da Casa da Quinta do Bosque (Amadora) e do Instituto Sant’Ana, que acolhia desempregados, inválidos e outros desfavorecidos, entre outros.
Acabaria por morrer no final de 1950. Três anos depois foi inaugurada no concelho, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Cerejeira, uma estátua em sua homenagem, que muitas pessoas procuram para veneração. O mesmo acontece com a sua campa no cemitério de Paços de Ferreira.
O processo de beatificação e canonização de Sílvia Cardoso começou em Junho de 1984. Mas, só em 1992 transitou para a Santa Sé, para ser avaliado pela Congregação para a Causa dos Santos. Na origem desta iniciativa esteve sobretudo “a fama de santidade” que a natural de Paços de Ferreira já tinha em vida e que aumentou depois da sua morte.
Declarada venerável em 2013. Processo de beatificação e canonização prossegue
Em Março de 2013, foi dado mais um passo no processo de beatificação e canonização de Sílvia Cardoso, com a pacense a ser declarada “venerável” pelo Papa Francisco, através da aprovação de um decreto que reconheceu as suas “virtudes heroicas”.
Este foi o primeiro passo para que a benemérita possa ser considerada beata e, posteriormente, santa. Agora, para que o processo avance tem que ficar provado um milagre, uma graça extraordinária reconhecida pela Igreja, o que vai permitir o culto litúrgico oficial, com imagem, na igreja local. Só se for provado um segundo milagre, Sílvia Cardoso poderá ser canonizada e venerada por toda a Igreja.
Há três casos que estão a ser investigados para serem apresentados como milagres de Dona Sílvia, adiantava o cónego Ângelo Alves, da Diocese do Porto, vice-postulador pela causa de canonização de “Dona Sílvia”, em 2013.
Em Paços de Ferreira, onde está sepultada e tem uma estátua em sua homenagem, Sílvia Cardoso tem muitos devotos. Também noutras zonas do país, onde fez obra, Porto, Viana do Castelo, Amadora, Espinho e Lisboa, há quem a venere e esteja convencido da sua santidade.